TIRINHA DO MEDROSO

snif, olha só a minha marquinha de vacina, snif - puxa, doeu muito muito, snif!

APENAS UMA HISTORINHA SOBRE O CARINHO

Ontem à noite eu estava enjoadinho e sentindo muito muito
frio. Então, a moça do sorriso carinhoso pôs a mão na minha testa e viu que era
febrinha, snif. Puxa, logo logo depois de medir a minha temperatura, ela não perdeu tempo em me colocar para dormir, e ainda deixou que eu usasse o meu pijaminha preferido, apesar da birra que fiz na hora de pôr o termômetro embaixo do braço, snif.
Mas, durante a madrugada, sonhei que o meu bracinho começou
a arder um pouco e não dava para mexê-lo, porque a moça do sorriso carinhoso
estava sentada ao meu lado, segurando as minhas maozinhas. Ela também olhava
para mim e dizia coisas doces:
-Xiiiiii, calma Leozinho! Pode dormir. Está tudo bem. Nem
precisa abrir os olhinhos.
Puxa, todas as vezes que eu tentava virar a minha cabecinha para
o lado e ver o motivo de o meu bracinho estar doendo, a moça do sorriso
carinhoso logo logo entrava na frente tampando os meus olhinhos com beijinhos.
-Moça do sorriso carinhoso snif, o meu bracinho está
ardendo, snif. Falei, começando um chorinho.
Eu sei Leozinho, já vai acabar, tá? É só um sonho. Não se
preocupe. Ela respondeu com a voz mais doce do mundo.
Mas, você deixa eu mexer o meu bracinho, snif?
-Já já eu deixo, tá bom? Agora, precisa ficar quietinho.
Mas, mas, snif.
Ela então, me interrompeu, cantando uma musiquinha de ninar
muito muito linda.
Quando finalmente, o meu bracinho parou de arder, pude
ouvi-la falando com alguém e, logo em seguida, senti um abraço bemmmmmm apertado
e um monte de carinhos.
Puxa, eu nunca nunca havia sonhado que estava protegidinho!
Quando a manhã chegou e acordei, o frio e o enjôo haviam
acabado. Não tinha mais febrinha, nem dodói. A única coisa que eu senti foi uma
coceirinha no meu bracinho, em cima de uma pequena marquinha vermelha. Não
entendi nada nada, mas, a moça do sorriso carinhoso me explicou que, às vezes,
o carinho é um sentimento tão forte e poderoso, que transforma os sonhos em realidade.

COMO DEMONSTRAR CARINHO

Essa semana, eu precisei cortar o cabelinho, e isso foi muito muito chato, snif! Sempre sempre que a moça do sorriso carinhoso me leva ao salão, ela pede para fazer aquele corte “indiozinho” que eu não queroooooooooooooo, snif! A verdade é que odeio ficar sentadinho naquela cadeira chata, e dá aflição ver a tesoura se aproximando, snif.
Mesmo assim, a moça do sorriso carinhoso nem ligou para a minhas reclamações e, quando percebeu que nenhuma tentativa de distração iria adiantar, acabou me segurando firme no colinho dela para que a cabeleireira pudesse fazer o seu trabalho. Puxa, isso me deixou muito muito bravinho, snif!
-Fica quietinho, Leozinho, que acaba mais rápido, tá? Ela disse sorrindo para mim.
-Vai ficar um indiozinho lindo, rsrs! Falou a cabeleireira.
-NAOOOOOOOOOOOOOO! PARAAAAAAAAAAAAAAAAAA, snif! EU NÃO QUERO QUE CORTE NADA NADA, BUAAAAAAAAAAA! Gritei, enquanto chorava e me mexia tentando escorregar do colo da moça do sorriso carinhoso.
-Mas precisa cortar sim, ouviu, medrosinho, rsrs? E eu não vou soltá-lo até que a moça termine, ou você se comporte direitinho!
-Tem que ter muita paciência para lidar com um birrento desses. Se fosse comigo, já teria dado umas boas palmadas nele! Falou uma mulher com jeito de malvada, que assistia o meu “show” enquanto fazia as unhas.
-Eu nunca bato no Leo! Ele é chatinho, manhoso, agitado, sei disso, mas, nos momentos em que menos parece merecer, o medrosinho mais precisa do meu colo. Respondeu com firmeza a moça do sorriso carinhoso.
-Você não vê que essa birra toda é só para chamar a sua atenção? Continuou a malvada.
-Vejo sim, é isso mesmo! Com esse jeitinho, ele apenas demonstra que sou importante e insubstituível.
Puxa, eu fiquei com muita muita raivinha por terem cortado o meu cabelinho, snif, mas, também, aprendi que existem várias formas de mostrar o quanto alguém é especial.