A COLEÇÃO DE SERINGAS

Sempre sempre que a moça do sorriso carinhoso me leva para
tomar injeção, uma das coisas que ela costuma fazer para que eu volte a ficar
bonzinho, snif, é conseguir com a enfermeira a seringa vazia para a
minha coleção. Puxa, eu tinha uma caixa com muitas muitas seringas embaixo do
meu armário. Eu disse que “tinha” porque, um dia, quando voltamos de mais uma
campanha de vacinação, em que dei trabalho e chorei bastante, snif, a moça do
sorriso carinhoso e a enfermeira boazinha me deram de presente a seringa da
vacina mas, quando fui guardá-la na minha caixinha, ela havia sumido!
Puxa, fiquei muito muito nervoso e perguntei zangadinho para
a moça do sorriso carinhoso: -Ah não, cadê a minha caixinha de seringas, snif?
Eu quero de volta, eu querooooooooooo, snif!
-Calma, Leozinho, nós vamos encontrá-la. Ela respondeu
calma.
- Snif, a minha caixinha de seringas é muito muito
importante para mim, snif!
-É mesmo, medrosinho? Por quê? Perguntou a moça do
sorriso carinhoso.
- Ah, porque quando eu olho para elas lembro de todas as
vezes você cuidou de mim, snif. Respondi meio envergonhadinho.
Ao ouvir o que eu havia dito, ela sorriu e disse:
-Ah é? Então, a gente poderia fazer uma troca: ao invés de
olhar para as seringas e lembrar de cada vez que eu cuidei de você, durante
toda esta semana, quando menos esperar, eu vou apertá-lo num abraço bem gostoso
e enchê-lo de carinhos e sorrisos, do mesmo jeito que faço quando você fica
agitadinho na hora da injeção. Assim, não vai mais precisar da sua coleção de
seringas para lembrar que é amado e cuidado. Que tal?
Puxa, naquele dia aprendi que, às vezes, perdemos algo que
nos parece importante, mas, quando menos esperamos, recebemos em troca outra coisa
muito muito melhor!

TIRINHA DO MEDROSO

A moça da televisão falou que eu vou ficar fortinho e saudável se tomar o meu leitinho todos os dias. Então, nunca nunca mais terei que ir ao médico, nem tomar vacina, nem tratar os dentinhos. Viu só, viu só?

O CARINHO É MUITO MUITO VALIOSO!

Hoje, a moça do sorriso carinhoso me deixou na casa de um amiguinho para brincar e, entre uma brincadeira e outra, nós conversamos sobre ”medo de injeção”.
-É verdade, Leo, eu sou muito corajosinho! Quando a enfermeira aparece com a seringa na mão, começo até a sorrir.
-Puxa, é mesmo? Perguntei surpreso.
-Sim, sim! Ninguém precisa me segurar quietinho não. E, no final, ainda ganho parabéns e “Diplominha de Coragem”. Quer ver?
-Puxa, quero sim! Mostra, mostra!
-Está aqui, olha só: “Para Carlinhos Fortinho, por ter sido corajoso na hora da injeção!”
Quando olhei o Diplominha do meu amiguinho, os meus olhinhos brilharam. Puxa, eu sempre sempre quis ganhar um!
-Você não tem um desses não, Leo?
-Puxa, eu nunca nunca fui corajoso, snif. Respondi tristinho e meio sem graça.
-Então precisam segurar você na hora, HAHAHA?
-snif, a moça do sorriso carinhoso sempre sempre me segura. Às vezes, até uma enfermeira ajuda quando estou mais agitadinho, snif.
-Que vergonha você deve sentir, HAHAHA! Ele falou, rindo de mim.
-Puxa, eu fico envergonhadinho sim, snif, mas, a moça do sorriso carinhoso nunca nunca me deixou sozinho nessas horas e nem perdeu a paciência porque sou medroso.
-Hum, então, acho que você nunca terá um Diplominha como o meu, rs. Ele terminou a conversa guardando orgulhoso o seu “prêmio”.
Ao voltar para casa, contei tudo tudo o que havia acontecido à moça do sorriso carinhoso. Ela, então, me encheu de beijinhos, e disse para não dar valor ao que aquele corajoso bobão havia dito, pois o carinho é muito muito mais valioso do que um simples pedaço de papel, e, mesmo assim, algumas pessoas agem como se o tivessem de sobra ou não precisassem dele.
Eu aprendi que não tenho um Diplominha de Coragem; porém, tenho algo que vale muito muito mais!